sábado, 11 de abril de 2009

O triunfo do erro

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Dos 36 anos de independência que já levamos como República da Guiné-Bissau, há uma coisa que ninguém diz que é que ficou tudo na mesma. Ano após ano, Governo após Governo, golpe após golpe. À nossa maneira, ultrapassamos há muito o limite do humanamente suportável. Temos os olhos cheios de destruição, e, interiormente, remoemos num silêncio que ensurdece. E que pode, a qualquer momento, resultar numa explosão de proporções bíblicas.

A desmoralização do nosso Estado teve o efeito perverso (e terrível) de o incapacitar para realizar o que quer que fosse. Gente há que confunde a sua pessoa com o Estado guineense, como se a sua figura fosse um dos elementos desse próprio Estado. Mas não é. Para quem ainda não sabia, cá vai. De graça. Os elementos do Estado são o Povo, a Soberania e o Território.

Embora sejamos tantas vezes bons, magníficos, altruístas, generosos, capazes do belo, até do extraordinário, algo espreita em nós, pronto para o salto, a mordida, o gosto de sangue na boca e o brilho demente no olhar. Queremos sempre ver o sofrimento da vítima, apreciamos os seus gritos, temos prazer com a sua humilhação: É o monstruoso que também somos. E que precisamos, a cada hora de cada dia, domesticar, controlar, sublimar. Nem sequer é original dizer que somos feras mal domesticadas; autênticos homens e mulheres das cavernas!
Como disse Tomás de Aquino, o homem é um anjo montado num porco. O problema é que, de vez em quando, esse precário equilíbrio desanda, e aí salve-se quem puder. Salvemo-nos. AAS