sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Uma história tipo máfia entre brancos e...nós

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O que se passa com o projecto cultural PAIC-PALOP

À atenção da União Europeia (aonde quer que esteja)

Quando no inicio de 2006, em Bruxelas, os ministros das Finanças dos cinco Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) decidiram, em conjunto com a União Europeia (UE), criar um projecto cultural* de aproximação entre todos os PALOP, o primeiro do género jamais financiado pela UE, nunca pensaram que o projecto saísse enguiçado!

Entre concursos falhados em Bissau e outras burocracias europeias - próprias de um livro de John Le Carré, cheio de voltas e reviravoltas – só quase no final de 2009 o processo ficou concluído. Mas há mais. Ah, pois há! Agora, por vontade doutros que não nós, os africanos, os verdadeiros e únicos beneficiários, o coordenador Luís Machado** deixa o projecto e, consequentemente, Bissau.

Seria caso de questionar os Acordos de Cotonou e outra papelada internacional que eleva a parceria e cooperação entre europeus e africanos a um patamar de igualdade co-responsabilidade enganosas. Uma mulher-a-dias (atenção, Europa!) sintetizou numa frase, o que é uma verdade que os europeus não deveriam aceitar por uma questão, digamos que de...dignidade!: “Branku ku tene dinhero; pretu tem di kala”!(1)

É Carnaval... cultural!

Já agora - Exmos. Senhores ministros da Educação, Ciência, Cultura e Desportos - o meu bom amigo, Artur Silva, e das Finanças, Mário Vaz, têm todo o espaço – depois de Portugal ter tido um Ministro da Cultura advogado que não foi nem carne nem peixe, e nem esteve sequer perto de tais coisas, optarem por semelhante situação para este projecto regional, é, no mínimo um autêntico escândalo que não pode ficar por aqui.

Muito a propósito: o português António Pinto Ribeiro (reconhecido programador cultural), o ex-Adido Cultural Português Daniel Perdigão e o director do Instituto de Cinema da Guiné-Bissau, Carlos Vaz, tudo gente que concorreu a este lugar, deveriam também eles estar indignados. Quanto ao respeito das regras da União Europeia...no comments.

Caro leitor: Sentiu-se indignado como eu? Então escreva e proteste usando este endereço de e-mail: eac-culture@ec.europa.eu . Entupam o servidor da UE se fizerem o obséquio. AAS

* - O projecto em causa chama-se PAIC/PALOP (Projecto de Apoio às iniciativas Culturais), está orçado em 3 milhões de Euros e tem sede em Bissau;
** - Luís Machado, recorde-se, foi de longe o melhor Conselheiro Cultural que Portugal alguma vez enviará para a Guiné-Bissau (esteve cá entre 2004 e 2006);
(1) – O branco tem o dinheiro; o preto tem de se calar!.