sábado, 31 de dezembro de 2011

Bissau, 18 graus

Bissau adormeceu calma e fria, e acordou ainda mais fria, embora tensa. Ha tensão em cada rosto e desconfiança em cada chiar de pneus ou numa rotação de motor mais acentuada. O nosso eterno problema: ninguém confia em ninguém, por mais que digam o contrário.

Eu estou bem, não temo nada porque nada devo temer. Nunca matei ou conspirei para matar quem quer que fosse; nunca alinhei nem nunca participei em nenhum golpe de Estado - condenei todos. E condená-los-ei sempre!

Nunca traí - nem em relacionamentos! - nem nunca traírei. Comigo, será sempre oito ou...oitocentos. Pouco me importa o que pensam outros. Sou feliz como sou, sorrio quando quero e me apetece, vivo de maneira espartana e estou bem assim.

Bissau, nome de mulher, ofegante e quente, com todas as suas curvas, está fria, mas continua bonita, elegante, charmosa. Bissau não se compara, sinuosa como os rios que a cercaram em tempos, velha como a ponte elevadiça que lhe tolheu um dia, faz tempo, a designação de ilha - que a deixaria ainda mais charmosa!

Feliz Ano Novo a todos os guineenses e aos amigos da Guiné-Bissau.

António Aly Silva