terça-feira, 18 de setembro de 2012

Lei seca na UNIOGBIS



É sabido que o guineense mais elucidado não vai na cantiga quando o assunto tem que ver com o 'papel' das Nações Unidas no mundo, ainda por cima na Guiné-Bissau. Aliás, e espero não estar a fazer nenhuma inconfidência, a maioria dos próprios funcionários, na sua maioria expatriados, dizem-no amiúde: "isto é um atoleiro". Pois bem, agora, estalou uma 'guerra-birra' entre a UNIOGBIS e as alfândegas de Bissau. Motivo: contentores apinhados com scotch e outras bebidas, tudo do bom e do melhor. Também há tabaco (presumo que não contrabandeado).

Tudo isso são luxos que o famoso gabinete de 'consolidação da paz'-que-ninguém-vê (nome pomposo, tal como gosto) quer desalfandegar sem pagar os referidos impostos (alcool e tabaco são considerados artigos de luxo em quase todo o mundo) e depois levar a valiosa mercadoria para a sua loja diplomática nas instalações da Penha e vendê-los ao preço da uva mijona... Conclusão: os contentores jazem lado a lado, uns em cima dos outros, vai para meses, no porto de Bissau...não há palhaço, não há circo. Ora bem.

Agora, pasmem-se: o zeloso cidadão guineense, ainda que funcionário da UNIOGBIS, NÃO pode simplesmente fazer compras nessa loja. Não entra sequer na loja. Passa ao largo. Mas, em contrapartida, pode ir perder calorias ao ginásio. Só uma coisa: o ginásio é a pagar. Se, coisas do impulso, precisar de algo na loja...basta pedir ao colega expatriado que está mesmo à mão (desde que este tenha plafond).

Presumo que - mas isso sou eu a presumir - com base em alguns acordos, a alfândega foi flexível e isentou os bens alimentares e de higiene pessoal. E são baratuchos, diz quem sabe. A UNIOGBIS, diga-se em abono da verdade, não se tem poupado a esforços no que toca ao bem-estar dos seus funcionários. Resultados práticos, palpáveis, para o bem do sofredor Povo da Guiné-Bissau, é que nem vê-los... Na 'cidade-ilha', já construiram um ginásio, uma sala que é uma espécie de bunker à superfície com portas blindadas (just in case), uma loja franca que abriu há pouco. Quem sabe estejam já a pensar num pequeno zoológico, num hospício, eu sei lá que mais. Mas, agora, apetecia-me mesmo um Cohiba... AAS