quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Eu apoio, tu não queres; quem perde e quem ganha - e o quê?


As declarações de apoio a Domingos Simões Pereira (DSP) proferidas pelo ex-primeiro-ministro e presidente do PAIGC, Carlos Gomes Jr., não são inocentes como muitos querem fazer crer, incluindo o próprio DSP, que se diz «surpreso». Também não são despropositadas, e muito menos «dispensáveis».

Numa ‎quinta-feira, estávamos no ‎dia 8‎ de ‎Agosto‎ de ‎2013, no hotel Altis em Lisboa, Carlos Gomes falou pela primeira vez na vontade que tinha em regressar à Guiné-Bissau. E anunciou, com pompa e alguma circunstância, o apoio a Domingos Simões Pereira para presidente do PAIGC.

(...) "Estava a conduzir quando ouvi essa notícia e fiquei surpreso. O momento que vivemos não recomenda este tipo de exposição sobre assuntos que não são necessariamente consensuais". Ou seja, em 2013, o apoio de Cadogo não o surpreendeu; contudo, hoje, e a poucas horas da abertura do congresso do PAIGC...DSP fica «surpreso» com o apoio que acha mesmo «dispensável» - disse hoje à LUSA o próprio.

Depois, descartou Cadogo de fininho, desta feita sobre a vontade de Carlos Gomes Jr. em regressar ao país para se candidatar à Presidência da República nas eleições de 16 de março. Domingos Simões Pereira não comentou. Ou melhor, disse qualquer coisa: "O PAIGC delibera em termos coletivos", referiu, acrescentando que "há aspectos que têm que ser colocados na balança para alcançar o maior consenso possível. A todos os cidadãos deve ser dado o direito de entrar na Guiné-Bissau e viver em liberdade".

Contudo, no caso em concreto de Carlos Gomes Júnior, DSP mostrou-se: "O regresso (de Cadogo) tem que ser avaliado de forma objetiva, sem motivações de outro caráter, e que priorizem assegurar a paz e tranquilidade". Como assim? Como é possível que DSP diga uma coisa dessas se o próprio Carlos Gomes Jr pediu à ONU a «CRIAÇÃO DE UM TRIBUNAL AD-HOC PARA A INVESTIGAÇÃO DE TODOS OS CRIMES DE SANGUE DURANTE O SEU MANDATO». Quem tem o quê a temer?

DSP, é bom que se lembre isto, quando manifestou intenção em se candidatar, viajou para todo o lado a pedir apoios...levando consigo um nome: Carlos Gomes Jr. Se hoje as coisas mudaram, se DSP se sente pressionado (seja por quem for) não devia cuspir no prato onde um dia comeu. Nada me move contra DSP, muito pelo contrário. Mas se o próprio DSP reconhece, na entrevista que deu hoje à Lusa, Carlos Gomes como «Presidente do Partido», porque saiu lesto do barco? Guineense medi kansera...AAS