terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Guiné-Bissau e Cabo Verde retomam cooperação


Cabo Verde e Guiné-Bissau retomaram hoje, formalmente, a cooperação institucional, económica e empresarial, com os primeiros-ministros dos dois países a saudaram o regresso à normalidade das relações, interrompidas após o golpe de Estado de 2012.

O reatar formal das relações surgiu na sequência da visita oficial de três dias que o primeiro-ministro guineense, Domingos Simões Pereira, iniciou hoje a Cabo Verde e no final de uma sessão de trabalho com o homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves.

"É importante a retoma das relações entre os dois países", destacou o chefe do executivo cabo-verdiano, numa conferência de imprensa conjunta com Simões Pereira, tendo ambos ressalvado a necessidade de recuperar o tempo perdido para que se atinja um patamar de "excelência".

Neves garantiu "total disponibilidade" de Cabo Verde para apoiar a Guiné-Bissau nos esforços de desenvolvimento quer da administração pública quer nas relações económico-empresariais bilaterais, apoio delineado durante a governação de Carlos Gomes Júnior (2009/12), na sequência da troca de visitas oficiais então feitas.

Além de apoio às áreas da governação - administração pública e reformas do Estado e da Segurança Social -, Cabo Verde tem "muitos empresários interessados" em investir na Guiné-Bissau, em áreas sobretudo ligadas ao agronegócio, turismo, pescas e agricultura que deverão contar, muito em breve, com missões empresariais comuns.

Sobre os transportes aéreos e marítimos, Neves salientou que os primeiros deverão ser retomados "muito em breve", com o reinício das ligações diretas entre a Cidade da Praia e Bissau pelos Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), e os segundos a necessitar que se criem condições para que as duas capitais possam ficar conectadas, ponto "importante" para as relações económico-empresariais bilaterais.

Os setores da educação, saúde, energias renováveis e formação profissional são outros que os dois países querem privilegiar num acordo de intenções global que deverá ser assinado quinta-feira, no último dia da visita de Simões Pereira.

O primeiro-ministro guineense, por seu lado, destacou sobretudo o reinício do novo percurso comum e, considerando o avanço de Cabo Verde nas diferentes áreas do desenvolvimento, destacou a necessidade de a Guiné-Bissau seguir-lhe o exemplo.

"Queremos seguir o exemplo e a referência de Cabo Verde na Guiné-Bissau", sublinhou Simões Pereira que, na deslocação a Cabo Verde, é acompanhado pela ministra da Justiça, Carmelita Pires, pelos secretários de Estado da Cooperação Internacional, Idelfrides Fernandes, e dos Transportes, João Bernardo Vieira, e pelo presidente das Câmara de Bissau, Adriano Ferreira.

Após a reunião de trabalho com o homólogo cabo-verdiano, Domingos Simões Pereira foi recebido pelo presidente da câmara da Praia, Ulisses Correia e Silva, igualmente líder do Movimento para a Democracia (MpD, oposição), e efetuou uma visita de cortesia ao chefe de Estado de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca.

Da agenda consta, hoje à tarde, um encontro de Simões Pereira com empresários cabo-verdianos e uma conferência no Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais, terminando o dia com um jantar oferecido pelo homólogo cabo-verdiano.

Quarta-feira, Simões Pereira fará, de manhã, uma deslocação à ilha de São Vicente e, à tarde, à da Boavista, onde, além de contactos oficiais locais, tem agendadas visitas a várias empresas e instituições.

No último dia da visita, já na Cidade da Praia, o primeiro-ministro guineense visitará quatro instituições governamentais da administração pública, fará uma visita de cortesia ao presidente do Parlamento, Basílio Ramos, e copresidirá, com Neves, a assinatura de vários protocolos de cooperação.

O último ato oficial de Simões Pereira em Cabo Verde decorrerá, depois, na Biblioteca Nacional, com um encontro com representantes da comunidade guineense residente no arquipélago, após o que regressará, num avião fretado, a Bissau. Lusa