quinta-feira, 28 de abril de 2016

CGSI—GB: Mensagem aos trabalhadores guineenses por ocasião do 1º de Maio


MENSAGEM AOS TRABALHADORES GUINEENSES ALUSIVO AO 1º MAIO/2016

O 1.º de Maio é o dia de todas as lutas, de todas as trabalhadoras e trabalhadores, em todo o mundo. O dia da festa da dignificação e da valorização do trabalho. Pela Guiné-Bissau inteiro esta é a festa dos trabalhadores. A festa da unidade, pelo conseguido. A luta unida pelo que temos de conseguir que consiste em novas estratégias capazes de melhorar as condições de vida dos trabalhadores, a segurança laboral e o sistema de protecção social, enfim o quadro global do sector de emprego.

Infelizmente, a Guiné-Bissau em virtude da instabilidade permanente continua a situar na lista dos países que oferecem piores indicadores no domínio do emprego. Este cenário negativo ganhou maior amplitude após o derrube do 1º governo da 9ª legislatura do PAIGC, dificultando assim o desbloqueamento das verbas prometidas na mesa redonda de Bruxelas pelos seus principais parceiros.

Caros Trabalhadores,

A instabilidade politica que o país atravessa é deveras preocupante a todos os niveis, porém acredito que para a classe trabalhadora torna ainda mais dificil com a perda de poder de compra, aumento de riscos nos locais de trabalhos e o aumento galopante de produtos de primeira necessidade num periodo em que a campanha de castanha de cajú, responsável por mais de 80% das receitas públicas está em risco de ser um sucesso.

Os indicadores relativos a situação económica e social testemunham uma situação particularmente vulnerável, conforme indicado a seguir:
Um nível de pobreza que continua muito elevado (69,3% em 2010 em comparação com 64,7% em 2002).
Rendimentos muito baixos: (i) 182US$ por habitante;
Baixa cobertura dos serviços sociais;

Finanças publicas em mau estado;
Uma classificação de Indice de Desenvolvimento Humano (IDH) do PNUD de 177/187 em 2004;
Uma classificação no âmbito do estudo Doing Business 2010 do Banco Mundial de 181/183.
Estes dados nos mostra que só a estabilidade poderá nos a atingir performances melhores para que possamos igualar aos nossos vizinhos da sub-região.

Trabalhadoras e trabalhadores;

Tenho a consciência clara das vossas dificuldades e partilho da mesma visão que ainda resta um longo caminho a percorrer para tornar realidade o minimo que hoje em dia se exige dos patronatos ou do Estado, isto é, a criação de condições mínimas de trabalho, reajuste e consequente aumento de salário que consubstanciam em obrigações principais de um empregador. Ficam sempre desejos de mudança, porém expectativas de um dia melhor para a classe trabalhadora guineense que ao longo dos anos foram sendo alicerçadas, acabaram sempre a dar lugar à desilusão e ao desespero devido a instabilidade permanente que tem assolado o nosso país.

Colegas sindicalistas, as reivindicações são direitos que nos assiste e que podemos utilizar a qualquer momento, desde que os nossos direitos estão a ser violados, sobretudo quando existe compromissos por cumprir, salários que não compensam, segurança social que não satisfaz, custos de vida a subir e ainda muitos outros motivos pela frente. Agora deixo uma questão para vossa analise; Será que o ambiente politico que se vive no país é propicio para um confronto social?

Neste contexto gostaria de felicitar os trabalhadores guineenses pelo enorme sacrifício que têm consentido nos últimos anos para manter funcional o país mesmo, em circunstâncias impróprias para a vida laboral. Considero por outro lado, que já é hora para invertermos a tendência da história, pois, os trabalhadores guineenses têm que estar cada vez mais unidos, vigilantes, firmes e determinados para dizer:

Basta de instabilidade! Porque o nível de sacrifício consentido até agora, já conduziu a classe trabalhadora guineense e a sua familia a uma condição de vida sub-humana é intolerável;

Basta de instabilidade! Porque é preciso valorizar os trabalhadores que apesar de enormes sacrifícios, sempre têm dado
tudo por esta nação com dedicação, abnegação patriotismo, labutando dia e noite, mesmo sem salário para fazer desta país um lugar diferente pela positiva;

Basta de instabilidade! Porque o momento é de acção, o país precisa de começar a premiar os que merecem e a Administração Pública precisa de ser despartidarizada para dar primazia ao mérito e a competência.

Basta de instabilidade! Porque a hora é de reconciliação, todos os guineenses devem unir-se à volta dos valores republicanos, enterrando ódios do passado para sementar a paz nas nossas palavras e acções rumo a uma verdadeira reconciliação.

Basta de instabilidade! Porque o povo esta cansado de ouvir falar em mandinga, fula, mandjacu, balanta, papel, mulçulmano e cristões, somos um povo único e indivisivel.

Viva trabalhadores da Guiné-Bissau
Viva a nossa pátria amada

Um bem haja a todos!
Secretario Geral da CGSI-GB

Filomeno CABRAL